sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Trabalho

       Cavar buraco para SABESP. Essa a idéia que vinha quando pensava em trabalho. Talvez por causa do meu pai, que tinha a certeza que eu faria isso. Hoje sei que não tem nada de mais, pois penso o mesmo de meu sobrinho.
       Brincadeirinha.
       Toquei no assunto com minha psicóloga, ela disse que minha paúra era por eu não ter maturidade. Que quando a tivesse perceberia que é por intermédio dele que nos posicionamos como Homens e Mulheres, no mundo. Falou mais: que nunca ele é realizado para nós, mas por nós a outras pessoas. Interessante.
       Na verdade, só me livrei da idéia de escravidão depois que desisti que tinha que trabalhar. Quando descobri isso percebi, ao mesmo tempo, que podia trabalhar. Daí pra trabalhar foi um pulo. Fui ser porteiro de supermercado. Olhem, não me entendam mal: já trampei pra caraio. Esporádica mas intensamente! E nem tão esporadicamente assim. Eu diria que..., intermitentemente.
       Minha mãe acha que sou assim, ‘vagau’, por querer demais. Ela afirma que, desde os tempos de ofice boy o que eu queria, e merecia, era ser gerente, diretor, dono de empresa – se não podia, pra que se humilhar, sofrer? Não é isso, apenas achava que trabalhar, era o fim: dos sonhos, da leveza, da alegria, do viver..., de tudo!
       Falei pra minha psicóloga o porquê da visão catastrófica que tinha do trabalho: o culpado era meu pai (sobrou pra ele). Sempre preocupado. Intensamente preocupado. A seriedade dele me assustava, era a antítese do que imaginava para minha vida. Nunca vi uma pessoa tão..., caxias. Nunca. Por outro lado, via homens alegres. E eu os admirava. Faziam parecer que tudo que faziam era prazeroso, inclusive o trabalho.        Descobri que não era um vagabundo porque, quando estava empregado (a partir dos 14), fazia minhas obrigações com vontade, mergulhava nelas, ficava feliz! Mas..., eram tão idiotas e estéreis que desistia de continuar tentando ser um rapaz de bem, trabaiadô. 
       Não agüentava trabalhar mais que meses.
       Essa consciência, a de sentir alegria (e orgulho) profissional, preservou minha autoestima. Tanto que voltei da Escola hoje com umas idéias de ‘atividades profissionais’, duas na verdade: 1) Oferecer serviço de massoterapia em empresas, e ao mesmo tempo atuar como. 2) Oferecer serviços como ‘marido de aluguel’, para senhoras que vivam sós, ajudando com pequenos reparos residenciais. Ou (3), fazendo uma representação de massa de mandioca, pra se fazer bolos (de-li-ci-o-sos). De repente faço tudo de uma vez!
       Independentemente disso (dessas idéias), se aparecer uma residência para pintar, tou dentro.
       Sabem, brinco um pouco; mas considero o trabalho como 'inevitável'. 
       O mínimo que se pode fazer é exercer um que traga prazer, para que a decicação a ele tenha frutos.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Santidade

Só de pensar nisso fico arrepiado. Não deveria...
Mas a carga religiosa que essa palavra contém apavora qualquer santo!
Me vem a certeza: se penso nela dessa forma, não o sou.
O que é um santo, um santo homem?
É aquele que santifica, que nos santifica.
Fale de um santo e penso logo no Sto. Agostinho.
Sei lá..., pra Igreja ele foi. Pra mim, de pronto assim, acho que ele se aprofundou intelectualmente num tema (teológico), desenvolvendo-o com intensa profundidade. Se bobear, a igreja deve ter criado dogmas em cima do trabalho deste inteligentíssimo homem. Será que afirmar que ele foi o Nilton da teologia é sacrilégio? Igrejas me deixam com um pé atrás; dois na verdade.
Ser santo para mim é estar bem pertinho do próximo, até descobrir que ele é você.
Não sei sobre a vida de Sto. Agostinho para poder falar dele... Se ele é tão querido é porque deve ter sido especial.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Sobre Reconhecimentos e Posicionamentos

      
       É dito por Quem de direito, que o ser humano é, em sua essência, alegre. Em suma, é um ser que tem a perfeição em si.
       É claro, ficamos na duvida, é um direito que Ele nos deu; direito que usamos nem sempre em assuntos reais, tipo: devo dirigir minha vida à conquista do quê?
       Duvidas não estão aí para pensarmos nelas, mas para partirmos imediatamente para a resposta que ela nos traz. Até aqui é fácil. Mas elas são constantes, como nossa respiração...
       Tiro, com a consciência que Deus me deu (ahh, falar Dele não mata ninguém, né) certos tipos de obstáculos meio óbvios que aparecem.
       Pra simplificar: tem gente ‘salvando’ oficialmente o mundo neste momento. Muita gente: médicos, mártires de regimes, sociólogos, professores, etc... Todos nós o estamos salvando. Todos os dias. Ou então, evitando que vá para o buraco no ano que vem. Claro, tem outra parte querendo que ele (e nós) se exploda.    
       Todos temos papéis a viver representativamente, mas não só dessa forma. Tem que haver uma verdade nas coisas. E tem. Embora não necessariamente aquela que pensamos que seja.
       Sinto que o que digo é meio óbvio. Pessoas que conheci de perto (jornalistas, fotógrafos, homens do comércio), já eram melhores que eu quando os conheci, hoje estão ‘lááá na frente’, respeitados, inteligentes, antenados, na mídia – fazem parte do que considero a nata.   Precisamos deles, mas não só deles.
       Neste momento percebo minha importância: imensa. Tanto quanto a do gari que recolhe meu lixo, quanto a do médico que me atende no posto. Cruzamos com pessoas por quem temos admiração, e de repente elas são mesmo especiais, vêem mais longe, e, como estão num plano em que cruzamos com elas, temos a tendência de supervalorizá-las em detrimento de nossas pessoas. Comigo isso aconteceu.
       Hoje penso diferente: fico feliz por elas, e por mim.
       Ficar feliz por si próprio é uma bênção. Ficamos felizes por quem se busca.
       Por isso, não perco a chance de gostar. De me posicionar dessa forma perante pessoas que admiro. Isso me eleva, me coloca em posição de dar, de partilhar essa descoberta. Como disse uma amiga, de uma forma meio labiríntica, é verdade, mas normal para quem está se conhecendo.
       Nada como ‘casca de banana’ pra gente prestar mais atenção por onde andamos. Nada como achar uma manga ‘daquelas’, pra valorizar a natureza. Nada como se descobrir nas pessoas.
       Sei lá, às vezes penso que caminho na minha frente...

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Aprendendo Com Deus

“A verdadeira aprendizagem não é um processo pelo qual se aprende, mas que leva você a se lembrar.
Não há nada aqui que seja novo para você. Sua alma não se surpreende diante de coisa alguma. O verdadeiro ensinamento não é jamais um processo de introdução de conhecimentos, mas de extração de conhecimentos. O verdadeiro Mestre sabe que não tem mais conhecimento do que o aluno. Apenas mais memória.
Você disse que queria aplicar – no mundo real, na vida cotidiana, como verdade prática e funcional – tudo que houve de valor em nossos diálogos. Eu o estou ajudando a ter o que quer.
É isso que significa ter uma amizade com Deus.”

domingo, 1 de novembro de 2009

Amizade Em Uma Viagem De LSD 25


O que tem a ver a chamada com essa foto? Nada. É aqui que molho o saco, e douro minha cútis. 
O lugar é comum, mas a foto ficou bonita. 
Sou sensitivo, gosto de ver, de tocar, de sentir. Sempre me achei bom nessas coisas (fotos por ex). Estou percebendo que não estou mau nessa fita.


O que pode significar uma Amizade?
Ela pode significar uma ponte entre a sanidade e a loucura.

Numa tardezinha dos anos 70, lá na Costa Rica, eu e o Cesar tomamos um ácido (LSD - 25, dos bons, era uma época honesta em vários sentidos). Ele bateu lá pelas 6 da tarde, numa praça de San José, Costa Rica. Embora não demonstrasse, estava apreensivo; é uma droga muito forte. Muitos a usam como uma forma de ‘transcender’, eu também buscava algo parecido, mas nunca cheguei a saber exatamente porque usava.
Bem, ela começou a pegar... E eu, comecei a pensar , a raciocinar, a racionalizar. É uma das grandes cagadas que um carinha pode fazer: tentar entender o ‘intendível’. A gente até pode fazer isso, mas o resultado é roça. E pra lá fui me dirigindo como boi no matadouro, consciente e paulatinamente.
Não senti medo, nem pavor, a coisa era mais aterrorizante que isso, pois não era um ‘sentimento’, mas uma certeza. Era a minha realidade naqueles momentos, palpável, concreta, real; a racionalização de um evento que tomava meu corpo, minha mente, e minha alma: estava me cristalizando.
Meu amigo percebeu que eu não estava interagindo; que não estava livre, leve e solto – mas me tornando em algo como uma pedra cinza, um mineral com vida, mas com baixa vibração. Como ele estava comigo, tinha me convidado, tinha laços de amizade, e não queria ver um cara empedrar na frente dele, tratou de conversar comigo. Engraçado (este é o terror dos esquizofrênicos), conversei com ele, mas meu papo ia prum lado totalmente superficial; eu usava fórmulas pra interagir, minha voz devia soar meio vazia, atonal. E a coisa foi pegando..., o ácido batendo..., e eu lá: tentando achar uma saída.
Ele continuou puxando assunto, tipo de que músico gostava.
- Gosto do Martinho da Vila.
Onde fui encontrar esse nome???? Nem gosto do cara, nunca fui ligado! Porque citei o nome dele? Aí vi que tava ruim mesmo! Pensei em falar do Jorge Ben, e me saiu esse...
O papo foi aos trancos e barrancos, ele tentando me trazer da viagem em que me meti, em que meti minha alma. Um abismo cresceu, nasceu ali, naquela praça, entre eu e ele. Notei que jamais poderia falar com ele, transmitir o que sentia. Estava constrangido por oferecer um espetáculo desses para meu amigo.
Torcida, manietada, sofrendo, ela (minha alma), foi sendo forçada a pensar, racionalizar; e isso nem de longe é atributo dela.
Fui sendo levado, pela procura insana de respostas, ao inevitável final.
Ela, minha mente, começou então a delinear uma resposta: comecei a visualizar, dentro de mim, na altura do plexo solar, da minha fronte talvez, um diamante. Essa pedra, ofuscante em um fundo preto, tomou meu corpo e minha mente. Quase me transformei nela, uma parte de mim continuou, uma outra parte, a mental suponho, cristalizou-se. O diamante, visível, pairando na minha frente, dentro de mim, iridescente, era perfeitamente visível. Realmente fiquei com medo, não havia mais saída.
Externamente minha aparência devia ser a de quem olhou para a Medusa.
Até que meu amigo começou a cantar uma música, que mostrava para o Universo como ele se sentia naquele momento, e que também mostrava, a mim, como ele se sentia. Eu não era o único a querer saber das coisas; mas, a procura dele foi mais..., correta. Ele usou todo seu Ser, não só uma parte dele, para me trazer à sanidade.
A música era do Erasmo Carlos: Sentado a Beira de Um Caminho.
Entendi, naquele momento que ele estendia sua alma para mim, seu querer, sua preocupação, sua mão. Fiquei realmente enternecido; chapado, mas enternecido. Esse sentimento cálido me deu um alívio, foi uma brisa para minha mente cansada.

 Depois dessa viagem, ele seguiu o caminho dele. E eu o meu. Minha impressão é a de que ele sempre andou mais rápido.
Fico feliz por perceber que, de lá pra cá, tenho caminhado também.

 “Sentado a beira de um caminho que não tem mais fim...
Preciso acabar, logo com isso.
Preciso pensar, qu’ieu existo, qu’ieu existo, qu’ieu existo...”

Frase

Quem anda a favor da correnteza, é peixe morto.