Fui um caminhante da cidade, conheço o Centro como a palma de minha mão; minha mãe trabalhava no Fórum; meu pai na Martins Fontes, era auditor do INSS. Cheguei a almoçar no Ferramenta, considerada uma das melhores feijoadas da city; isso foi nos anos 60.
Fui um frequentador assíduo da Biblioteca..., durante um bom tempo passei meus finais de semana lá dentro. Conhecia e pesquisava livros em sebos.
Sempre tive a impressão nítida da solidão dos moradores do Centro, hoje sei que esta solidão refletia a minha.
Morei na Praça Roosevelt nos anos 70, no apartamento de uma pintora: a Lilia Costa (faleceu); lá conheci o Flavio Império, arquiteto, cenógrafo famoso e pintor, que me achou lindinho e fez um tríptico usando-me como modelo. Bem, eu era bonito mesmo.
Andando pela noite em busca de 'aventura' (mais para fazer alguma coisa), na verdade meio perdidão (minha juventude passei assim), entrei uma vez num teatro em que o Made in Brasil (faz tempo, isso!) tava tocando, fiquei 5 minutos e saí, achei a barra pesada demais pra mim.
Bem no comecinho da Augusta, também nesta época, entrei num apartamento levado por conhecidos; quem morava lá? os Novos Baianos.
Na verdade, na época tudo era meio interessante. Eu tinha tudo para ter virado uma 'alma penada' neste centro, grande e movimentado. Cheguei a dormir em cima da bancada de uma marcenaria de um conhecido, na Frei Caneca. Nesta época eu trabalhava como past-up na Folha. O Flavio morava na Mq. de Paranaguá com a Frei Caneca, se não me engano.
Pois é..., comungo com vcs esta aventura que é conhecer São Paulo, ter vivido nessa cidade. Mas qualquer resquício de paixão..., se evaporou com os anos.
Morei na Cincinato Braga, no Campo Belo, no Ibirapuera, Veleiros, Jd. São Francisco (na região do Jd. Ângela), 3 meses em SBC...
A velocidade da cidade para mim já não cativa nem impressiona. Suas belezas para mim são relativas.
Sei lá, sabe; acho que é a idade...
Abraços!
Escondidinho de abóbora
Há 6 meses