domingo, 1 de novembro de 2009

Amizade Em Uma Viagem De LSD 25


O que tem a ver a chamada com essa foto? Nada. É aqui que molho o saco, e douro minha cútis. 
O lugar é comum, mas a foto ficou bonita. 
Sou sensitivo, gosto de ver, de tocar, de sentir. Sempre me achei bom nessas coisas (fotos por ex). Estou percebendo que não estou mau nessa fita.


O que pode significar uma Amizade?
Ela pode significar uma ponte entre a sanidade e a loucura.

Numa tardezinha dos anos 70, lá na Costa Rica, eu e o Cesar tomamos um ácido (LSD - 25, dos bons, era uma época honesta em vários sentidos). Ele bateu lá pelas 6 da tarde, numa praça de San José, Costa Rica. Embora não demonstrasse, estava apreensivo; é uma droga muito forte. Muitos a usam como uma forma de ‘transcender’, eu também buscava algo parecido, mas nunca cheguei a saber exatamente porque usava.
Bem, ela começou a pegar... E eu, comecei a pensar , a raciocinar, a racionalizar. É uma das grandes cagadas que um carinha pode fazer: tentar entender o ‘intendível’. A gente até pode fazer isso, mas o resultado é roça. E pra lá fui me dirigindo como boi no matadouro, consciente e paulatinamente.
Não senti medo, nem pavor, a coisa era mais aterrorizante que isso, pois não era um ‘sentimento’, mas uma certeza. Era a minha realidade naqueles momentos, palpável, concreta, real; a racionalização de um evento que tomava meu corpo, minha mente, e minha alma: estava me cristalizando.
Meu amigo percebeu que eu não estava interagindo; que não estava livre, leve e solto – mas me tornando em algo como uma pedra cinza, um mineral com vida, mas com baixa vibração. Como ele estava comigo, tinha me convidado, tinha laços de amizade, e não queria ver um cara empedrar na frente dele, tratou de conversar comigo. Engraçado (este é o terror dos esquizofrênicos), conversei com ele, mas meu papo ia prum lado totalmente superficial; eu usava fórmulas pra interagir, minha voz devia soar meio vazia, atonal. E a coisa foi pegando..., o ácido batendo..., e eu lá: tentando achar uma saída.
Ele continuou puxando assunto, tipo de que músico gostava.
- Gosto do Martinho da Vila.
Onde fui encontrar esse nome???? Nem gosto do cara, nunca fui ligado! Porque citei o nome dele? Aí vi que tava ruim mesmo! Pensei em falar do Jorge Ben, e me saiu esse...
O papo foi aos trancos e barrancos, ele tentando me trazer da viagem em que me meti, em que meti minha alma. Um abismo cresceu, nasceu ali, naquela praça, entre eu e ele. Notei que jamais poderia falar com ele, transmitir o que sentia. Estava constrangido por oferecer um espetáculo desses para meu amigo.
Torcida, manietada, sofrendo, ela (minha alma), foi sendo forçada a pensar, racionalizar; e isso nem de longe é atributo dela.
Fui sendo levado, pela procura insana de respostas, ao inevitável final.
Ela, minha mente, começou então a delinear uma resposta: comecei a visualizar, dentro de mim, na altura do plexo solar, da minha fronte talvez, um diamante. Essa pedra, ofuscante em um fundo preto, tomou meu corpo e minha mente. Quase me transformei nela, uma parte de mim continuou, uma outra parte, a mental suponho, cristalizou-se. O diamante, visível, pairando na minha frente, dentro de mim, iridescente, era perfeitamente visível. Realmente fiquei com medo, não havia mais saída.
Externamente minha aparência devia ser a de quem olhou para a Medusa.
Até que meu amigo começou a cantar uma música, que mostrava para o Universo como ele se sentia naquele momento, e que também mostrava, a mim, como ele se sentia. Eu não era o único a querer saber das coisas; mas, a procura dele foi mais..., correta. Ele usou todo seu Ser, não só uma parte dele, para me trazer à sanidade.
A música era do Erasmo Carlos: Sentado a Beira de Um Caminho.
Entendi, naquele momento que ele estendia sua alma para mim, seu querer, sua preocupação, sua mão. Fiquei realmente enternecido; chapado, mas enternecido. Esse sentimento cálido me deu um alívio, foi uma brisa para minha mente cansada.

 Depois dessa viagem, ele seguiu o caminho dele. E eu o meu. Minha impressão é a de que ele sempre andou mais rápido.
Fico feliz por perceber que, de lá pra cá, tenho caminhado também.

 “Sentado a beira de um caminho que não tem mais fim...
Preciso acabar, logo com isso.
Preciso pensar, qu’ieu existo, qu’ieu existo, qu’ieu existo...”

9 comentários:

  1. tua narrativa é um testemunho sutil dessa força chamada amizade... que bonito.

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  2. Dentre as várias drogas que experimentei, o ácido não foi uma delas... Por falta de oportunidade, ou sei lá o que... rs

    Algo parecido com o que vc relatou acontece comigo quando fumo maconha... Tanto que nunca foi uma droga que me chamasse atenção... Porque enquanto todos estão interagindo, na primeira hora depois que fumo entro numa piração total, tudo fica sem nexo, meu raiocínio fica todo fragmentado e eu me sinto completamente perdida... Affe!

    Acho que as drogas que me troxeram bem estar foram as tranquilizantes, nada de excitantes... Acho que sempre busquei parar a minha mente que funciona demais... rs

    Beijocas

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  3. Oi Sylvio...boa frase, corre peixes mortos e dejetos né?rs...sobre o post acima...sou apaixonado por House, pena que ele não sabe!!rsrs, adoro estas séries da Sony da Warner, sou fã...to assistindo a 5ª temporada, ele tá um charme só...rs...vc já viu a parte em que ele se despede do Sanatório?...:)

    Sobre drogas, ácidos e outras coisas mais vou me abster, porque infelizmente vivi isso , perdi um irmão aos 25 anos,5 anos mais novo que eu... isso aconteceu muito rescente....foi tudo muito triste, ele era formado em Biologia Marinha, trabalhava no Hawai...foi doloroso para todos nós...amava surfar, tocar violão...tem um post que escrevi pra ele lá no Blog,era um doce de criatura, não fez mal à ninguém à não ser à si mesmo...

    complicado isso...

    Bjo pra vc, bom feriado aí!

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  4. Cosmu, de fato é um testemunho.
    Tem pasagens que ficam guardadas né? Sorte eu poder trasmiti-la por meio de palavras escritas.

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  5. Dama.
    ..."tudo fica sem nexo, meu raiocínio fica todo fragmentado e eu me sinto completamente perdida..."
    Sempre me senti assim com drogas alucinógenas, tanto que desisti de fumar maconha (que é uma leve). Tem um jeito certo de curtir: ficar ligth, não querer 'saber e sentir' o que a mente quer. Mas, sou devagar com essas coisas. tem mais, por causa dessas pirações, comecei a cheirar. 7 meses nisso. muito bom! Mas dá neurose com o tempo. Parei com tudo. Menos de querer amar.

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  6. Andrea, caramba, que tesão é essa série.
    Vi ontem essa parte.

    Perder pessoas é sempre dolorido. Sempre.
    Meu irmão gêmeo se fué a 4 anos (não teve drogas envolvida).
    Estive com metade do corpo enfiado em transações desse tipo (drogas), tive minhas razões, nescessidades e desculpas.
    Lamentamos profundamente Andrea, embora, por outro lado, fiquemos felizes por você estar hoje aqui com a gente. Como almas, você sabe, nossa caminhada não é interrompida. A de ninguém. Me dê o nome dele querida, converso com uma benzedira que é vidente, uma santa pessoa. Faremos uma oração por ele.

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  7. Cosmu, Dama, Andrea:
    voces são especiais. para mim, são.
    Não escrevo para ninguém em especial, mas, escrevo para alguém em especial, que no caso, são vocês.
    Estarmos aqui reunidos tem um porquê: exotérico, espiritual -(coincidência não, não neste caso) - eu acho. Mas sigo e seguirei a trajetória de vcs, não pensei que Deus (NÃO SOU RELIGIOSO TÁ?) faria com que aparecessem.
    Legal!

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  8. Silvícola, que saudade do tempo honesto...rsrsrs. Hoje não dá, so tem lixo na praça.
    Mas, enfim, tudo tem seu tempo.
    House? AMO, adoro...aliás, gosto de qualquer série, acho que tô ficando mole, complacente, ou sem ter o que fazer...rsrsrs.
    Mas House tá na sétima tmp.

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  9. 7ª????????????????????????????
    O xente!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

    Saber o que vc sabe Wall, não faz parte de minhas aspirações. Seria uma tarefa impossível. Tenho para mim que vc é ultra informada. Ainda bem que cê tá com a gente!
    Pago mó pau pra jornalistas, são pessos inteiradas!! :)

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