segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O “Nada” Nosso De Cada Dia

Sempre tive consciência dessa dimensão. Desde pequeno, me apercebia separado de um acontecimento que julgava pueril, desnecessário, estranho à minha sensibilidade (que considero ‘normal’). Situações familiares estão inseridas neste contexto, e não há nada que se possa fazer na dimensão ‘real’, as pessoas, e eu, somos o que somos.

Não sou importante para minha família, e ela, de um momento para o outro, deixa de ser também. Essa é a real. Seria egoísta, sonso e ingênuo também, se não percebesse o outro lado. Cada um tem suas necessidades, neuroses, enfim: um histórico psiquiátrico. Hummm..., ficou forte essa palavra: até parece que acredito que haja desvios entre componentes de uma família, essa "entidade abençoada"... Usarei outra: histórico psicológico.

De psiquiatria eu entendo: já fui considerado um patso que necessitou de seu amparo. Como todo amparo vindo de humanos, esse também é falho; ou melhor: cumpre o que não promete – se ao contrário, cumprir o que prometer..., sai de baixo.

Não só o caminho do inferno está atapetado de boas intenções, o da indiferença também. Pais ensinam diligentemente seus filhos e filhas a serem indiferentes, nem começarei a enumerar as razões disso, acharemos inúmeras. Cheguei nos meus 25/40 anos sem ter uma consciência real de que pobre era gente, imaginem o resto de minha visão de mundo... Minha tendência era achar que essa idiota e energúmena situação eram derivadas de uma consciência social torta, muito característica da classe média, que consegue ser idiota elevada a n em suas posturas. Considero hoje que a estupidez é geral (claro, assim como o bom senso...), independente do sexo, raça ou posição social. É neste contexto que fui criado, e que estou. O que sou gera conflitos. Ao tentar me afastar, isentar-me de minha mágoa, me vejo direcionado pela inteligência e sensibilidade: salvando-me de amargos ressentimentos.  
Minhas reações contra esses estados das coisas são ‘neuróticas’, pelo menos é assim que vejo a maneira como me vêem. Considero ser, também, o que ('me') vêem. Goste ou não.
Entro, então, no meu ‘nada’ – modo de dizer: é outra parte do ser; ‘trocar de visão’ seria mais correto. Creio que todos têm essa capacidade..., normal.

O que faço com essas coisas que sinto, vejo, e experimento? Nada. Elas não estão aí para serem mudadas ao bel prazer: fazem parte da estrutura geral. Como a areia que inevitávelmente irá entrar em seu olho num dia de vento. Fico amuado então?, tristonho em meu canto?, entro na turma do Dexter? Não. Pretendo entrar em mim, conhecer a plenitude do meu Eu, ter essa experiência que sempre busquei através de introspecções, cogumelos, papos, abraços e conversas (chapado) dentro de madrugadas, ou caminhando numa estrada sobre as estrelas...

A raiva está aqui, do lado de cima do coração; sinto-a perto, mas não há lugar para ela.

Uma hora paro de deixar as coisas para amanhã.

12 comentários:

  1. "Cada um tem suas necessidades, neuroses, enfim: um histórico psiquiátrico." Eu creio que o problema reside aqui: não no facto de termos as nossas necessidades/neuroses (o que considero normal), mas sim no facto de os outros não as perceberem...

    Abraços.

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  2. Eles não têm obrigação Val..., não se sentem com essa obrigação.
    Na verdade, é de todos a possibilidade de olhar com os olhos do coração. E cada um tem seu tempo para se importar com as coisas da alma.

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  3. Meu querido vim aqui,pq a saudade foi maior do que eu.
    Me viciei em palavras derramadas,declamadas por vc.
    Sabe pensei em parar de escrever,pois vi minhas escritas espalhadas pelos orkuts da vida.
    Me magoei mas vou sobreviver...Antes de casar sara...rsrsrrs.
    Escrevi e tive q falar de vc,minha saudade tem voz e chama por vc!!!

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  4. Não se culpe.
    Ninguém está bem e quem está - é certamente um idiota.
    É cego - o que não quer ver mas você quer ver o que é essencial - a sua própria e pessoal introspecção.
    Não vai ser mais feliz por causa disso mas será mais inteiro.
    Sua dinâmica com você mesmo é boa - por isso que às vezes é bom que a gente se sinta estranho aos olhos do mundo - é como ter uma sala mágica a adentrar.
    Só sua.
    Sair quando preciso mas permanecer, não mesmo.
    Cuide-se então.

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  5. Bom ficar com saudades de pessoas.
    Pare de escrever não.
    Legal vc ter aparecido.
    Abração.

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  6. Estou bem, Barbara. Como vc, como todos. Muitos é claro 'pensam' que estão, não é nosso caso.

    Valeu! Gostei de saber que minha dinâmica tá boa. Elogios são sempre bem vindos (vindos de onde vem).

    Tava meio chateado, já passou. Juro!

    Falou muito bem: permanecer, é não encontrar-se plenamente nas experiências por quais passamos; impórtantíssimas, vitais, para nosso reencontro.

    Bjs Bá.

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  7. Ainda bem que momentos ruins batem, e passam, não é mesmo?
    espero o seu já tenha passado..
    adoro o seu alto-astral e a sua vitalidade nisso..
    Seu outro Eu, o seu "nada" tava em alta, e eu o admiro por deixá-lo se soltar as vezes, e o admiro ainda mais por deixar o lado já conhecido por nós ser mais forte, esse lado que você nos mostra é o que todos deveriam mostrar, o mundo seria melhor, pois as pessoas seriam melhores, mais felizes.

    Beijão e volta logo!

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  8. Querido Leite,
    o texto saiu meio 'pra baixo', não era a intenção.
    Tava meio chateado, tomado por uma ira divina (rsrsrs!!!).
    Não foi um 'momento ruim' (existe isso?), podemos dar outros nomes a ele. Momentos não são nada sozinhos: existiu o do antes, e os do depois - então, pra que detonar um só?
    Ao tentarmos nos religar com 'o de dentro' e 'o de fora', mantemos um alto astral.
    Sabe Leite não creio que exista 'lado' para mostrar, o importante não se refere a 'mostrar', mas a ser.
    Mostrar o que se é, em atos (ser), é o grande mistério, a grande razão, a principal, por estarmos aqui, nisso que chamamos de vida.
    O ato de ser é a razão da vida.São nestes momentos em que somos que nós , realmente, aprendemos.
    Abrçs.

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  9. Meu amor, como bate tudo que vc escrve. Bate lá, no imbatível. Imbatível pq são as minhas melhores experi~ENCIAS, E IMBAT~IVEL, PQ LÁ, NÃO DEIXO NINGUÉM entrar. Mas vc entra sem cerimônia, sem nem pedir, pq vc nem sabe(ou sabe muito bem) que está entrando.
    Enfim, tudo mesmo serviu pra que a gente se conhec esse melhor, e a surpresa maravilhosa, é que esse lugar não tem fim.

    ahahaha, sabe qual é a palavra de verificação!
    TENTE

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  10. Uia! Boa palavra! Algumas coincidências realmente não são, mesmo! Sempre é bom ficar atenta!

    Algumas vezes falo de coisas que em mim são claras, então, intúo que para alguns elas também sejam.
    Escrevo, também, por perceber que outras pessoas (às vezes próxima (e inteligente), não tá muito aí pra esses pensamentos...). Fico meio irritado, mas depois passa.
    Independente de como te pega o assunto, fico felissíssimo pela sua sensibilidade estar aberta e direcionada. Fico contente por isso! Contente por vc, e por outras pessoas que por aqui aparecem. E por mim, né; que me sinto "sintido".!

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  11. Só falta voce dizer que é partidário militante do nadismo, que sua religião é o nadalicismo, adorador fervoroso do NADÃO!

    =P

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  12. Nadão de Costas! Na praia, debaixo do guarda-sol, com uma breja na direita, e uma cinturinha na esquerda...!
    Rêrêrê!

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