segunda-feira, 24 de maio de 2010

A Mente Mente

   Existem hoje vários textos que provam este enunciado: de que a mente cria uma realidade: confortável e burra.
   Tirarei de três autores as idéias que aqui serão mencionadas. Óbviamente concordo plenamente com elas.
   Primeiro mostrarei a vcs o que Rosana Herman deduziu a respeito da visão caolha com que a mente insiste em usar para compreender o que, às vezes, só o sentimento enxerga.
   Depois (mas não hoje), postarei idéias também afiadas, mas bem mais profundas, enunciadas com sabedoria pelo pensador (digamos assim), Krishnamurti.
   Por fim, passarei (mas não hoje), a quem possa interessar, os conceitos de Deus sobre o assunto; claro, e porque não? Ou você pensa que Deus é um mudo, a pairar sobre vossas cabeças?

   "Não se chega à Deus pela mente", dizem grandes Mestres.

   Passemos, pois, primeiramente, às considerações de Rosana Herman. Mais para frente tomaremos conhecimentos de outras opniões, tão importantes ou muito mais que  essas que lhes ofereço.

     "O pensamento pode voar, mas a mente gosta mesmo é de uma prisão. A mente gosta de prender-se voluntariamente a tudo o que não muda, ao que permanece, ao que se repete e ao que é sempre igual.
     Por isso, a mente adora lembranças e memórias. Porque o passado já passou e não pode ser mais mudado.
     O passado é permanente. A mente acha isso o máximo.
    É como administrar uma empresa onde nada pode dar errado. O medo da mente é justamente este, administrar imprevistos.

     Outra coisa que a mente ama de paixão é o padrão, porque como o nome já diz, o padrão não muda. Um metro, uma hora, o mesmo caminho para o trabalho, voltar ao mesmo restaurante e sentar à mesma mesa, são padrões que toda mente humana gosta de repetir.

     Ah, que prazer que a mente sente quando a bunda senta na mesma cadeira que sentou na aula anterior! A repetição dá segurança, porque cria a falsa ilusão de que nada vai mudar.
     E se nada mudar, nada de ruim poderá acontecer. Tudo será igual, com o mesmo final feliz, como antes.
     Crianças adoram ver filmes mil vezes porque se sentem seguras, porque podem antecipar as próximas cenas (se na vida fosse assim...), e porque têm certeza de como a história terminará.

    Já as mentes adultas, especialmente as obsessivas em qualquer grau, adoram a matemática. A matemática é a única ciência exata e imutável.
    Enquanto a física e química, a biologia, por exemplo, estão sujeitas a variáveis da vida real, a matemática continua igual.

    Daí o fato de que toda mente obsessiva gosta de contar, manipular números.
    As contas são sempre exatas, não mudam.

    E se você contar todos os passos e chegar direitinho à padaria com seus mil passos, então, podemos concluir que sua mãe não vai morrer e nada vai dar errado no seu dia.
    Certo? Errado.
    Errado porque a mente vive num mundo irreal.

    Mundo da mente é como caspa, só existe na sua cabeça.
    Tudo é mera ilusão. E, com perdão do excesso de realidade fisiológica, o mundo está cagando e andando pras suas ilusões mentais.
    Como o mundo já provou, uma batida de asas de borboleta na África pode influenciar mais a ocorrência de um tsunami na Ásia do que sua contagem de azulejos no banheiro.
    Porque a borboleta é real e seu pensamento, não.

    O problema é que a mente não quer nem saber disso e provavelmente
muitos já terão abandonado este texto nas primeiras linhas.

     Espertos, porque sabem que vou contar um segredo sobre eles: a mente fabrica alças.
     Sim, alças, onde ela, a mente, possa se apegar.
    Uma alça, como aquele putaquiupariu do carro, onde a gente segura a vida quando o motorista não é de confiança. Como o santoantonio dos jipes.
    A alça pode ser um nome, um amuleto, uma mania, uma repetição qualquer.
    A mente é chata, mas criativa, e assim, inventou a alça-sem-mala. Nesta alça ela se apega até a morte.


    É uma crença, um dogma, uma frase feita, um chavão, um lugar-comum:
"Angélica ficou mais bonita depois que teve filho"; "Vaso ruim não quebra"; "Jesus voltará"...
    Qualquer alça é boa pra mente: "A cadeia é a universidade do crime", "Direituzumanu só tem bandidu"...

    Se a mente se acha fraca, ela inventa uma alça para se sentir forte, tipo: "Sou feia, mas tô na moda".
    A mente inventa que se a pessoa perder dez quilos vai ser feliz e tudo vai dar certo na vida. Troca nomenclaturas, pra se sentir por cima.
    Porque uma coisa é dizer que você tem TOC e outra coisa é assumir que você é um obsessivo chato, que ninguém agüenta conviver a seu lado e por isso você precisa de tratamento sério com remédio e tudo mais.

    A mente inventa alças pra não cair em si.
    Mas cair em si é a única forma de tomar consciência - primeiro passo para melhorar.
    Portanto, remova todas as alças. Caia. Caia em si.
    Tá gordo? Tá gordo, então, vamos emagrecer.
    Tá infeliz? Sai dessa, viva a vida, aproveite.
    Tá duro? 'Bora ganhar dinheiro'. 

    Só não fique aí, com essa cara de passageiro de circular da eternidade, vendo a vida passar na fresta da janelinha de um puta ônibus cheio, segurando firme na alça do medo, pois você tem que dar o sinal e descer para a liberdade do imprevisível."

18 comentários:

  1. Adoro pessoas inteligentes como vc,me consquistam mais que sorrisos.rsrsrs

    Seguindos eu blog meu amigo velho rpecoce!

    ResponderExcluir
  2. Ufa...senti um certo alívio por detestar Matemática, porque, de resto, minha mente é bem como diz o texto.

    E sabe o que é "´pior"? Eu gosto que seja assim.

    Tô perdida? Rs

    Beijo, beijo.

    ℓυηα

    ResponderExcluir
  3. Texto fantástico sobre a mente! adorei!!! realmente... a minha, pelo menos, é bem preguiçosa! bjos

    ResponderExcluir
  4. Puxa Tomie, calma!
    Considero -me inteligente pelo fato de apreciar um texto bem escrito fruto de uma boa cabeça e um ótimo raciocínio; adimiro por demais, também, uma trilha de pensamento, desenvolvendo-o e nos entregando uma pérola desse naipe.

    Nem me lembrava de onde a conhecia, menina!!!
    Valeu eu ter dado uns pitacos lá!

    Abrçs minha querida!

    ResponderExcluir
  5. LuxLuna

    A mente de TODOS é assim! É simplesmente o jeito dela ser!
    O legal é podermos ter conciência (através de pessoas que pensaram sobre isso), de como usá-la sem nos perdermos (ao exaltá-la).

    Pelo pouco tempo que a conheço, aprendi a respeitar a sua...

    Bjs menina.

    ResponderExcluir
  6. Silvio, esste texto é um tapa na cara!

    Isso mesmo...rs

    É assim mesmo. Nos fechamos em nosso mundinho de recordações, confortável e seguro, e nada fazemos, muitas vezes, para sair desse marasmo.

    Isso exige atitude!

    Excelente texto para uma longa e profunda reflexão sobre nossa acomadação perante a vida.

    ResponderExcluir
  7. E faltou um beijo e desejos de um lindo dia para voce!

    ResponderExcluir
  8. Essas "suas" garotas são tão conscientes, pensantes, questionadoras e atraentes intelectualmente!
    Concordo em tudo, mas não teria exposto tais ideias dessa maneira.
    No entanto, valeu a leitura.
    Afiada essa Rosana.



    Syl, beijo, beijo no queixo.

    ResponderExcluir
  9. Nossa!!!

    Que texto é esse, Sylvio!!!
    Pior que ela tem razão...
    Tem mesmo.

    Impressionante!

    ResponderExcluir
  10. Mulher
    Ela foi clara e inequívoca.
    O interessante é que tomei contato com opniões parecidas vindo de fontes insuspeitas e de alto conteúdo espiritual.

    Bjs querida.

    ResponderExcluir
  11. Dica
    Sempre achei que o que é 'meu' tem um sabor especial.

    De fato Rosana é uma pensadora em tempo integral.

    Fico curioso em como vc teria exposto sua opnião...

    No queixo???... Tá.

    Outros ni tu!

    ResponderExcluir
  12. também fiquei feliz por não gsotar de matemática, minhas contas nunca dão certo.
    mas sou mesmo essa alça sem mala. um apego sem fim a tudo que passou.
    É engraçado né, fiquei pensando no meu texto lá, no seu comentário em outras coisas...
    Por mais que nos neguemos a mudanças elas ocorrem e são um pouquinho cínicas, debochadas né... tipo assim, mudei, já era, se adapte ou o problema é seu. rsrs.
    Um abraço querido amigo interlocutor.

    ResponderExcluir
  13. Gosto de matemática, Maris, mas não sou bom na bagaça...
    De acordo com a idéia não é vc que é a mala, mas, sua mente.
    O que ocorre é que pode ser cínico, debochado, mas não as mudanças em si.

    Um abraço, brodinha.

    ResponderExcluir
  14. sylvio,


    é uma ótima questão para colocar em uma infinita mesa redonda!

    nós mentimos para nós mesmos! somos nossa mente, afinal!

    já lá no "versos & ideias" coloquei um pensamento que me define de forma precisa:

    "todos, sem exceção, serão sempre o que acreditarem ser"

    eu acredito mesmo no poder que temos sobre nosso destino, acredito que fazemos uma série de projeções equivocadas e daí surge nossa tragédia.

    o texto de rosana é muito bom, principalmente pelo acesso rápido da linguagem simples que usou.

    você ter postado aqui uma questão assim, é uma das coisas que me faz ir te seguindo.

    um beijo.

    ResponderExcluir
  15. Sem duvida, Betina.

    É uma mentira que que pode se mostrar trágica, tanto a nível social quanto pessoal. Normalmente percebemos ou nos fazem perceber o fato; que passa despercebido por sermos nós, também, nossa mente (como disse).
    Atentarmos ao fato de que ela está ao serviço da compreenção do mundo, ajuda; para coisas mais profundas e eternas temos a consciência.

    Um bom texto, é verdade!

    Homeopáticamente (sem pressa, naturalmente), pretendo postar assuntos que sejam universais e que tem interessado a uma grande maioria de viventes.
    Embora continuemos 'iguais', mudamos com o tempo.

    Continuo sendo um cara emotivo, mas, não emocional; então, existem idéias sobre mecanismos e comportamentos humanos, que realmente merecem algumas linhas.

    Que bom que vc está 'indo' me seguindo, isso me faz ver que não estou 'parado'.

    Bjs, minha querida.

    ResponderExcluir

Atue! Movimente-se! Se expresse! Nem que seja só comentando aqui!