domingo, 24 de abril de 2011

A Mente Mente - II

     Aos 24 do mes de maio de 2010,  dia de Nossa Senhora Auxiliadora para os católicos,  coloquei um post neste blog que falava sobre certas qualidades, e defeitos, da Mente. 
     Neste dia prometi-lhes que iria voltar ao assunto, mostrando-lhes as conclusões a que chegou um Homem Sábio: Krishnamurti.
    Não não!! Não é um guru! Quiseram fazer dele o líder de uma seita, ele rechaçou a idéia, e seguiu sózinho o caminho dos próprios ensinamentos; alcançando um nível de Espiritualidade que o permitiu tocar o Inefável, a Verdade, ainda em vida.
    Suas idéias, assim como a de todos os Mestres que nos foram mandados, são claras, cristalinas! Têm a transparência característica que só a Verdade nos oferece.
    Este trecho  é o que interessa, por se tratar da Mente; mas  ele discorre sobre este assunto em todo o livro: Diario de Krishnamurti, editado pela Culttrix.
    Vamos a ele:

    "O fato de ter suas raízes na memória, determina o reduzido alcance do pensamento. Ao desejar transcender aos seus próprios limites, ele se torna meramente especulativo, fantasioso,  e destituído de significado. É vedado ao pensamento descobrir algo além de seus limites temporais. E, ainda que decifre seu próprio enigma, ele é incapaz de penetrar nos mistérios da meditação. Esta, para existir, depende do findar do pensamento.
    O cérebro é um instrumento de surpreendente sensibilidade. Incansável em sua capacidade de captar, registrar, interpretar, e acumular impressões, ele não para jamais de funcionar. Herdando do animal o instinto de sobrevivência e a busca de segurança fisica, o cérebro tomou como base de todas suas atividades as projeções tais como deus¹, a virtude, a moral, a ambião, os desejos, as exigências, e os ajustamentos.
    Por ser extremamente sensível o cérebro, com sua capacidade de pensar, passa a dedicar-se ao cultivo do tempo: do presente, do passado, e do futuro. Com isso, ele tem a capacidade de deter a ação, de buscar a satisfação, de perpetuar-se através da busca do ideal, e do preenchimento. Daí nasce a dor, a fuga na crença, no dogma, no misticismo, em todas as atividades, e nas múltiplas formas de entretenimento.
    A morte e o medo estão sempre presentes, obrigando o pensamento a buscar alívio e refúgio nas crenças, na esperança, e nos conceitos, racionais ou irracionais. a verbalização e as teorias adquirem grande importância, servindo de base ao cotidiano, e suscitando sentimentos e pensamentos condicionados.
    Por mais que se julgue profundo, o pensamento atua num âmbito bem estreito da vida. Seja ele hábil,seja experiente ou erudito, o pensamento é superficial. Como parte do todo, o cérebro, com sua incenssante atividade, valorizou-se demais perante si mesmo e dos restantes fragmentos.
    Por serem a desintegração e a contradição suas características essenciais, é ele incapaz de perceber o todo. Acostumado a reagir e a pensar em termos de opostos, o cérebro vive até hoje no conflito, na confusão, no sofrimento.
    O pensamento não pode compreender a vida integral. Essa compreenção nasce da  absoluta imobilidade do cérebro e do pensamento; sem estar ele adormecido, embotado pela disciplina e compulsão, ou hipnotizado².
    Extraordináriamente sensível, o cérebro pode permanecer imóvel e quieto, sem que isso implique na perda de sensibilidade ou capacidade de penetração.
    Surge assim, o insondável mistério do incognocível: quando o tempo e a medida cessarem de existir."

Notas do blogueiro aqui presente.
1- O Deus que as religiões nos impingem, não é Aquele em que acredito. Um deus que castiga, que determina caminhos, que vira as costas aos 'erros' que as religiões convencem que possamos cometer, justifica pois esta palavra, grifada no diminutivo.
2- O termo hipnotizado, utilizado aqui, é o que fazemos quando queremos nos convencer de algo, pródigos em livros de auto ajuda.


Jiddu Krishnamurti nasceu na Índia em 1895 e a partir dos treze anos de idade passou a ser educado pela Sociedade Teosófica, que o considerava o veículo para o "Instrutor do Mundo", cujo advento proclamavam. Krishnamurti logo emergiu como um poderoso, descompromissado e inclassificável instrutor, cujas palestras e escritos não estavam vinculadas a nenhuma religião específica, não sendo do Oriente nem do Ocidente, mas para o mundo todo. Repudiando com firmeza a imagem messiânica, em 1929 dissolveu dramaticamente a grande e rica organização que havia sido criada à sua volta, e declarou ser a verdade "uma terra sem caminhos", à qual nenhuma religião formalizada, filosofia ou seita daria acesso.




   


8 comentários:

  1. Sylvio!

    O sistema cerebral, é ainda muito desconhecido em algumas partes. Na Emotologia e Emotopedia, quando se aprende a usar os dois lados do cérebro, ainda se pesquisa sobre os efeitos benéficos de tal experiência.
    A meditação transcendental é como a água pura a orvalhar o cérebro; A memória vem e vai num ritmo que nossa respiração, obedecendo ao cérebro permite. Não vejo em nenhum artigo folosófico ou não a religião como centro, mas como opção do indivíduo.

    Um post excelente!

    Parabéns!

    Mirze

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  2. ....mas só através do pensamento
    chegou-se à conclusão de que
    a meditação é vazia de pensamento
    e de grande importância.
    ele precede a ela...
    ainda assim continuaremos dependendo do cérebro como ambiente e do pensamento como recurso de lucubração...
    Meu pai foi quem me aplicou
    em Krishnamurti, entre outros,
    e essas leituras me ajudaram
    a descobrir a tal da "reflexão", que é diferente de "pensar".
    Todos pensamos, mas poucos
    são os que refletem.
    Pensar é como caminhar na mata
    de facão na mão abrindo picada, sempre indo.
    Refletir é retornar ao que se pensou, é matutar, remoer,
    filosofar.
    Quando se retorna, repisando o barro do chão da picada
    ela se transforma numa trilha
    e o trilheiro pode se surpreender com detalhes interessantes
    do ambiente não vistos
    na primeira passada.
    Uma nova investida na trilha
    torna ela num caminho
    e poupa o caminhante da tensão
    do desconhecido.
    Essa frequência de idas e vindas faz o caminho evoluir para uma estrada e o andarilho viaja com
    segurança...e em determinado momento se dá ao luxo da imobilidade.
    Pra meditar tem-se que estar seguro

    aquele abraço

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  3. Sei que é bom, que faz bem, que é importante para que possamos começar a compreender a complexidade e a riqueza que somos, junto com a vida. Mas, mesmo assim, protelo o meditar, a meditação... Sei lá, acho que sou burro! Talvez me falte seriedade, maturidade...

    Que bom que gostou, Mirze!

    Abraços!

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  4. Muito bom, né Guru!

    Acho que a meditação é, realmente, a chave para o auto conhecimento.
    Pretendo praticá-la.

    Valeu sua presença, brother!

    Abração!

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  5. um post para guardar!


    gosto muito do indiano em questão e medito todos os dias, invariavelmente,
    há 17 anos.

    um beijo, sylvio!

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  6. Por tudo isso, talvez, eu seja meio apaixonado por vc, Betina...
    Se morasse no Rio, sem duvida já teríamos nos conhecido pessoalmente.

    :)

    Bjs querida.

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  7. Me dita a ação!
    Vamos lá parceiro aja o que houver
    Me dita a AÇÃO!

    Ah! ah! ah!

    "Acione uma "dita loira" e vá em busca do conhecimento..."

    Ops!

    Minha 'mente' mente,
    engana-me diariamente, permanente.mente!


    Gente!?

    Belo POST Sylvio!

    Desculpe-me pela palhaçadas!

    :o)

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  8. Ora....!

    Vc é meu semi-arquiteto (está + com os 'péses' na arte,) preferido!!!!
    Brinque o quanto quiser!

    'Me dite a ação'??
    Claro! dito sim!: continue a nos surprender com sua criatividade, e amistosa companhia!

    Venha de lá um abraço, gaudério!!!!

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