terça-feira, 17 de maio de 2011

Misoginia: Relações Amorosas Conturbadas.


     Este texto foi retirado no Portal Mulher; e é de autoria de Sonia Nemi, que devenvolve um trabalho de apoio e ajuda a mulheres, em seu site.
     Por um lapso não indiquei a autoria no momento da postagem, mas somente dois dias depois; cheguei, colei, pus umas aspas no começo do texto e não coloquei no fim, e fui que fui; impressionado com um assunto muiiito importante para todos nós. Sou estabanado, mas não afoito. Fica aqui então minhas desculpas a Sonia, cujo site sem duvida visitarei.



"Em seu livro 'Homens que odeiam suas mulheres; mulheres que os amam', cujo subtítulo é 'quando amar é sofrer e você não sabe porquê', Susan Forward e Joan Torres, escolhem usar, para descrever tal tipo de homem, a palavra misógino. Misógino é uma palavra grega utilizada como referência a quem odeia mulheres: miso (odiar) e gyne (mulher).

 

     Ao primeiro contato com um misógino, em geral, ele é considerado um gentleman. Ele é o homem que conquista a mulher de uma forma deliciosamente amorosa e sedutora e passa a ser por ela descrito através de uma farta lista de superlativos. Ele é tão intensamente maravilhoso que fica impossível para a mulher atribuir a ele qualquer responsabilidade dos problemas da relação quando estes começam a acontecer.
     O contrato relacional velado se define no início do relacionamento quando o homem vai, aos poucos, verificando até onde pode ir com o seu estilo controlador e manipulador. À medida que a mulher evita confrontá-lo tentando ser boa para preservar a relação, ela está estabelecendo um tópico contratual que configura o contexto para a atuação do misógino, ao tempo em que ela vai enfraquecendo. Como diz Susan Foward: “ela contrata amor e ele controle”.
     Esse controle se evidencia nas armas abusivas em que as palavras se tornam, através das quais as críticas e ataques são feitos, até alcançar o controle da sexualidade e o controle financeiro. Mesmo que a mulher tente agradá-lo, tudo que ela faz está errado e ele a convence de que ela é culpada.
     Quando as explosões repentinas do homem começam a acontecer, mais elas são sentidas como ameaças veladas pela mulher que fica perplexa e cada vez confusa com o que dá errado. Ela passa a “pisar em ovos”, medindo as palavras, para falar com ele. A forma sutil como ele a desqualifica impede que ela possa perceber que é isso que mina a sua auto estima. Ela se torna irreconhecível, principalmente se antes era uma mulher independente financeira e emocionalmente, uma vez que definha.
     Os argumentos utilizados pelo homem parecem tão lógicos e tão cheios de interesse pelo bem da relação que, a mulher vai, cada vez mais afundando no seu pântano emocional. Tudo que ele quer é que ela demonstre seu amor por ele, sendo compreensiva e conhecendo-o tão bem que seja capaz de atender suas necessidades, sem nunca se aborrecer com ele. Com o tempo, a relação parece uma gangorra onde de um lado ele estoura e do outro se arrepende, pede desculpas e se torna o homem maravilhoso do início do relacionamento.
     Apesar da descrição devastadora do misógino, ele não tem consciência do seu funcionamento e sequer se dá conta da dor do outro. A construção de tal dinâmica pessoal pode ser entendida a partir da sua história, na família de origem, quando vivenciou sofrimento psicológico o qual não poderia evitar.
     O misógino é filho de uma relação conturbada onde aprendeu, observando seus pais, que a única maneira de controlar a mulher é oprimindo-a. Ao lado disso, ele pode ter sentido que a sua mãe não poderia existir sem ele, já que seu pai a maltratava; ou ainda, ele pode ter tido uma mãe que o oprimiu ou rejeitou, ao lado de um pai passivo.
     Qualquer que tenha sido a sua história, o misógino está na fase adulta “atuando” a sua dor de “criança” ferida, buscando desesperadamente ser amado ainda que de uma forma equivocada.
     No caso da mulher que escolhe formar uma relação com um misógino é possível que ela tenha sido infantilizada pela sua família de origem e busque no seu parceiro o apoio, suporte e amor que não recebeu do seu pai, ou talvez ela teve uma mãe que desqualificava o pai; ela pode também ter vindo de uma família tão caótica que desde cedo ela aprendeu que toda relação é problemática e que ela como mulher não tem chance.
     Ainda que o misógino seja visto como algoz e a mulher como vitima, esta também contribui para que tal padrão relacional se implemente e perdure. A mulher instiga o misógino a atuar na medida que ela não estabelece limites claros, diferenciando-se dele e ocupando seu próprio espaço na vida e na relação.
     O homem e a mulher nessa relação estão interagindo dentro de seus próprios papéis; da mesma forma que um círculo não tem começo nem fim, a relação se desenvolve sem que se possa indicar um culpado. Um “precisa” do outro para continuar com o padrão, mas para sair dele um dos dois precisa funcionar de uma forma nova.
     Uma mulher que sofre numa relação como essa pode: (1) manter-se submissa para preservar seu homem, (2) separar-se, ou (3) construir uma nova relação com o mesmo homem.
     Aquelas que escolhem a terceira opção terão que resgatar sua auto estima, assumir o seu lugar no mundo e na relação, estabelecer limites claros e ser firme ao se posicionar diante do seu parceiro. Ela provavelmente precisará de suporte terapêutico até que se tenha fortalecido. É possível que, à medida que ela conquiste seu objetivo, o seu misógino desista do lugar de algoz para ficar ao seu lado ou desista da relação. Se ela sente que o ama, precisará amar a si mesma também para ter coragem de correr o risco de “perdê-lo”.
     De qualquer forma dificilmente um misógino busca terapia e, se assim o faz, tão logo se fortalece interrompe o seu processo. Parece que o sofrimento do seu mundo interno é tamanho que ele não suporta ter que contactá-lo através da análise da sua dinâmica e efeito do seu comportamento no outro; para tanto ele teria que admitir que é co-construtor das dificuldades da sua relação e que é, na verdade, um homem sedento de amor. Ele teria que admitir que é o único responsável pelo seu auto preenchimento."



Uma indicação, li e gostei!:
MENTES PERIGOSAS: O PSICOPATA MORA AO LADO
Ana Beatriz Barbosa Silva



6 comentários:

  1. Que bom que gostou, Flá.

    Informação é poder...; no meu caso, poder ficar tranquilo por ter divulgado um texto que deveria interessar mais as pessoas, uma vez que o que não falta são psicopatas, em maior ou menor grau, a solta por aí.
    Tá bem, psicopatas foi forte; misógenos, então...

    Grande abraço, minha querida poeta. Um prazer imenso tê-la aqui.

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  2. E como tem esses " psicopatas" hein Sylvio!! Adorei o texto!!

    bjus

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  3. Vixe!!!!!!!!
    Mas, se dissermos para algumas pessoas que seu par é um traste deste tipo, a gente acaba apanhando... Né?
    Então, conclusão: quem tiver que passar por este tipo de experiência, passará. E, quem sabe, sairá mais sábia deste tipo de relacionamento.

    Prazer vê-la aqui, querida.

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  4. Oi Sylvio!
    Fiquei feliz ao ver que postou meu texto no seu blog; talvez tenha acessado o Portal da Mulher onde ele tem estado há alguns anos. Visite meu site para ver o mesmo texto atualizado onde mostro como trabalho com a mulher que me procura em busca de ajuda. São boas dicas para quem precisa de uma luz. Aproveito para pedir que mencione meu nome ou meu site como fonte do texto.
    Abraço,
    Sonia Nemi
    www.sonianemi.com

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  5. Virgem Nossa Senhora da Aparecida!
    A dona do texto aqui!!!!

    Brincadeirinha Sonia.
    Como vê, apressei-me em corrigir meu erro.
    Não vi, quando cheguei lá, que havia referência a uma autora; achei que o texto tinha sido colocado lá e pronto.
    Tooodos os textos que encontrei e que coloquei aqui, tinham seus links em evidência; como lá era um 'portal', não dei a devida importãncia.
    Erro meu, cometido pela primeira (e última), vez.

    Estou deveras impressionado por saber que você ajuda apessoas que nescessitam de uma luz, uma palavra, uma saída, um caminho.
    Respeito por demais pessoas assim!

    Sem duvida a visitarei!
    Fico sensibilizado por sua gentileza, simpatia, e, presença neste espaço. É uma honra a que dou o devido apreço, embora houvesse um senão nas circunstãncias.

    Com todo isso acontecendo, me lembrei de colocar a referência de um livro que li, gostei, e me esqueci de postar.

    Grande abraço Sonia!

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