quinta-feira, 28 de julho de 2011

O Erotismo Segundo Anaïs


"As mãos dele a agarraram como duas tenazes. Ele a ergueu para penetrá-la, como se não se importasse nem um pouco de partir-lhe os ossos daquela maneira. 
Usou coups de bélier, exatamente como um chifre a penetrá-la, a escornada de um touro que, ao contrário de feri-la, a fez desejar poder reagir com a mesma fúria. Depois de se satisfazer com uma selvageria e uma violência que a deixaram extasiada, ele sussurrou:
— Agora quero que você goze totalmente, está me ouvindo? Goze como nunca gozou
antes em toda a sua vida. 
 E ergueu o pênis intumescido diante de Linda, como o primitivo simbolo de madeira, oferecendo-o para que ela o usasse como desejasse. O homem incitou-a a liberar seus apetites mais violentos. Linda nem se deu conta de que o mordia. Ele arquejou em seus ouvidos:
— Continue, continue. Eu conheço vocês, mulheres, nunca trepam verdadeiramente como querem.
Das profundezas do seu corpo, de algum lugar que ela jamais desconfiara que existisse, subiu uma febre selvagem que a consumiu toda, que não conseguiu se satisfazer com a boca dele, com sua língua,
com seu pênis dentro dela, uma febre que não cedeu nem mesmo com um orgasmo. Linda sentiu que os dentes dele estavam enterrados em seu ombro, quando ela própria lhe mordeu o pescoço, e depois caiu para trás e perdeu a consciência.
Quando acordou, estava deitada em uma cama de ferro, em um quarto miserável. Um homem estava deitado ao seu lado. Ambos estavam meio cobertos pelo lençol. Ela reconheceu o corpo que a
esmagara na noite anterior, no Bois. Era o corpo de um atleta, grande, moreno, musculoso. A cabeça era bem conformada, forte; os cabelos, ondulados. Quando ele abriu os olhos e sorriu, Linda ainda o contemplava cheia de admiração."

Aos 27 anos tive contato com essa escritora. Peguei seu livro ao acaso numas das prateleiras da biblioteca do Centro Cultural São Paulo. Sem duvida sua escrita é um desbunde. Na época não tive como evitar uma escapadinha para inaugurar o banheiro do Centro, com uma bem caprichada e prazerosa. Até tentei roubar o livro, mas não deu certo (brasileiro - nem todos - é uma bosta mesmo, quando quer).
Homens reclamam que não existem mulheres suficientes que pensem no sexo da maneira deles; mulheres reclamam que homens metem o pau (figurativamente), quando elas caem de boca (figurativamente), sem dar bola para a torcida.
Nada mais justo pois, que esclareça aos desavisados e desavisadas que sim, existe vida inteligente no que se refere a uma erótica (e sensata) visão, por parte de ambos os sexos.
Além de simpáticos(as), inteligentes, e bem informados, vocês merecem uma postagem lucida e caprichada.

Amplexus affectum omnibus vobis!

16 comentários:

  1. A intenção me agrada mais do que os exemplos usados, sabe?

    Nunca havia lido nada dela além de umas frases soltas. Acho mesmo que merece um tempinho para observação.

    ;)

    Um beijo.

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  2. Ahhh Luna...

    Sem duvida as intenções têm seu valor, inclusive por saber que ela começou a escrever por 1 dólar a pagina, num tempo em que nem se aceitava que mulher abrisse a boca.
    Não há envolvimento na parada, a coisa é profissonal!!!
    Vá até o blog do Favre (aquele da prefeita de SP!!!!! VIXE, AGORA QUE VI DE QUEM É O BLOG!!!!), http://blogdofavre.ig.com.br/2009/01/carta-de-anais-nin/
    Lá tem umas informações sobre ela e um livro que ela escreveu: Delta de Vênus.

    Abraços querida!

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  3. Intenso...? Demais!!! O Homem realmente não permite que a mulher faça amor como ela realmente sente o sexo. Poucos são os que compreendem que sexo não tem gênero: não é feminino, não é masculino, não é homoxessual: é prazer, é liberação, é pura energia. Anais falava disso com total liberdade. O preconceito é tanto que ela chama atenção não exatamente pq escreve como escreve, mas pq é uma mulher que escreve como ela escreve.
    Eu gosto.
    Beijokas.
    Eu gosto.

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  4. ahahahhahaha
    Silvícola... inaugurando banheiros pelaí. Bom garoto!

    Anais era bem louca, e escrevia muito bem. Andou com o Henry miller e aprontaram de um tudo em Paris. Ah....tutto bonna gente!

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  5. Meu querido!

    Fiz uma viagem aos 16 te lendo,
    Sempre adorei contos eróticos, em mina opinião, muito melhor do que imagens, filmes e qualquer outra coisa de intenção lasciva.

    Anais Nin é surpreendente, lembrei de “Pequenos Pássaros”, li depois de adulto e já prestando atenção em outras coisas além das excitações e adorei!!!

    Obrigado pela lembrança!
    Um abraço!!!

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  6. Também já pensei nessas coisas, Nova...
    Realmente impressiona o estilo...

    Bjs!

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  7. Legal a gente acertar em algo, Augusto.
    Por não ser criativo...; recrio, transporto, sirvo de ponte.

    Abraços!

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  8. Já conhecia Anaïs... ela é profundamente arrebatadora... e lucidamente verdadeira!

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  9. Muito bom o fragmento,
    acredito que valerá a pena
    buscar mais.

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  10. Excelente texto!
    Adoro textos pornográficos e dessa qualidade é mesmo prazeroso.

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  11. Com a chegada da Net, percebemos que muitas pessoas sabem mais das coisas do que a gente acha que sabe. Na verdade, constatamos isso.
    Uma escrita erótica pra ninguém botar defeito!!!

    Abraços MFC!

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  12. Herculano

    Fiquei impressionado por seu 'curriculum', rss!
    Caí lá sem querer...
    Show, seus posts e seu texto.
    Nem imaginei que teria tempo pra visitar este humilde bloguecito.

    Será que tudo que é bom 'tem' que ser lido? Tem! Mas também temos, a cada época de nossas vidas, uma prioridade. Hoje, já não pretendo sair atrás de seus livros; tenho em minha cabeceira outros autores, com os quais (mais intensamente), me identifico.

    Contente por ter aparecido por aqui.

    Grande abraço!

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  13. Diana

    Existem (grandes) diferenças entre o que é 'pornográfico', e 'erótico'. O texto de Anaïs se encaixa no segundo tipo. Sei que vc sabe disso, e entendi o que disse.
    Coloquei este texto aqui para que algumas pessoas tomassem conhecimento desta autora, e outras, a reencontrassem.

    Um bacio!

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